Quarta-feira da 4ª Semana da Quaresma

A estação de hoje juntava-se na grande Basílica de São Paulo. Depois do Canto do Intróito , que anuncia o Batismo em que Deus se digna derramar na almas a água purificadora da graça, os catecúmenos, eram exorcizados e recebiam a imposição das mãos, depois da leitura de Ezequiel e Isaías, que falam desta purificação renovadora, lia se o princípio dos quatro Evangelhos e explicava-se o Credo e o Pai-Nosso são com efeito os elementos essenciais da revelação cristã.
O Evangelho da missa refere-se a cura do cedo de nascimento e o acolhimento que o Senhor lhe deu depois que o expulsaram da Sinagoga: é mais um dos símbolos do Batismo, que derrama nas almas a luz sobrenatural da fé. Demos graças a Deus por nos ter concedido também essa luz e orgulhemo-nos de ser cristãos.


Epístola

Leitura do profeta Ezequiel (36, 23-28): Isto diz o Senhor Deus: Quero manifestar a santidade do meu augusto nome que aviltastes, profanando-o entre as nações pagãs, a fim de que conheçam que eu sou o Senhor - oráculo do Senhor Javé -, quando sob seus olhares eu houver manifestado a minha santidade por meu proceder em relação a vós. Eu vos retirarei do meio das nações, eu vos reunirei de todos os lugares, e vos conduzirei ao vosso solo. Derramarei sobre vós águas puras, que vos purificarão de todas as vossas imundícies e de todas as vossas abominações. Dar-vos-ei um coração novo e em vós porei um espírito novo; tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne. Dentro de vós meterei meu espírito, fazendo com que obedeçais às minhas leis e sigais e observeis os meus preceitos. Habitareis a terra de que fiz presente a vossos pais; sereis meu povo, e serei vosso Deus. Purificar-vos-ei de todas as vossas imundícies. Farei vir o trigo, farei com que seja produzido em abundância e isentar-vos-ei da fome. Farei abundar os frutos das árvores e a colheita dos campos, a fim de que não tenhais mais de sofrer entre as nações a vergonha da fome. Então, lembrando-vos de vosso perverso proceder e de vossas ignóbeis ações, vos desgostareis de vós mesmos, por causa das vossas iniqüidades e de vossas abominações. Não é por vós que faço isso - oráculo do Senhor Javé -, sabei-o bem. Tende vergonha, enrubescei-vos por causa de vosso comportamento, ó israelitas! Eis o que diz o Senhor Javé: no dia em que eu vos purificar de todas as vossas iniqüidades, repovoarei as cidades; as ruínas serão reerguidas, e a terra inculta de novo cultivada, ao invés desse espetáculo de desolação oferecido aos olhares de todos os passantes. Dir-se-á: esta terra que se achava devastada tornou-se um jardim do Éden! Essas cidades em ruínas, desertas e desoladas, estão agora restauradas e repovoadas. Então as nações que restaram em torno de vós saberão que sou eu o Senhor, que reconstruí o que estava em ruínas e replantei o que estava baldio. Sou eu, o Senhor, que o digo e o farei. Eis o que diz o Senhor Javé: nisto ainda me deixarei abrandar pela casa de Israel e o farei por eles: eu os multiplicarei como um rebanho. Tais como os rebanhos dos animais consagrados, tais como as manadas que se conduzem a Jerusalém, por ocasião das festas solenes, tais serão os rebanhos de homens que povoarão vossas cidades em ruínas. Então se saberá que sou eu o Senhor.


Epístola

Leitura do profeta Isaías (1, 16-19): Naqueles dias: Isto diz o Senhor Deus: lavai-vos, purificai-vos. Tirai vossas más ações de diante de meus olhos. Cessai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem. Respeitai o direito, protegei o oprimido; fazei justiça ao órfão, defendei a viúva. Pois bem, justifiquemo-nos, diz o Senhor. Se vossos pecados forem escarlates, tornar-se-ão brancos como
a neve! Se forem vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã! Se fordes dóceis e obedientes, provareis os melhores frutos da terra;


Evangelho do dia:

Leitura do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (9, 1-38) : Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Caminhando, viu Jesus um cego de nascença. Os seus discípulos indagaram dele: Mestre, quem pecou, este homem ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem este pecou nem seus pais, mas é necessário que nele se manifestem as obras de Deus. Enquanto for dia, cumpre-me terminar as obras daquele que me enviou. Virá a noite, na qual já ninguém pode trabalhar. Por isso, enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. Dito isso, cuspiu no chão, fez um pouco de lodo com a saliva e com o lodo ungiu os olhos do cego. Depois lhe disse: Vai, lava-te na piscina de Siloé (esta palavra significa emissário). O cego foi, lavou-se e voltou vendo. Então os vizinhos e aqueles que antes o tinham visto mendigar perguntavam: Não é este aquele que, sentado, mendigava? Respondiam alguns: É ele. Outros contestavam: De nenhum modo, é um parecido com ele. Ele, porém, dizia: Sou eu mesmo.  Perguntaram-lhe, então: Como te foram abertos os olhos? Respondeu ele: Aquele homem que se chama Jesus fez lodo, ungiu-me os olhos e disse-me: Vai à piscina de Siloé e lava-te. Fui, lavei-me e vejo. Interrogaram-no: Onde está esse homem? Respondeu: Não o sei. Levaram então o que fora cego aos fariseus. Ora, era sábado quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos. Os fariseus indagaram dele novamente de que modo ficara vendo. Respondeu-lhes: Pôs-me lodo nos olhos, lavei-me e vejo. Diziam alguns dos fariseus: Este homem não é o enviado de Deus, pois não guarda sábado. Outros replicavam: Como pode um pecador fazer tais prodígios? E havia desacordo entre eles. Perguntaram ainda ao cego: Que dizes tu daquele que te abriu os olhos? É um profeta, respondeu ele. Mas os judeus não quiseram admitir que aquele homem tivesse sido cego e que tivesse recobrado a vista, até que chamaram seus pais. E os interrogaram: É este o vosso filho? Afirmais que ele nasceu cego? Pois como é que agora vê? Seus pais responderam: Sabemos que este é o nosso filho e que nasceu cego. Mas não sabemos como agora ficou vendo, nem quem lhe abriu os olhos. Perguntai-o a ele. Tem idade. Que ele mesmo explique. Seus pais disseram isso porque temiam os judeus, pois os judeus tinham ameaçado expulsar da sinagoga todo aquele que reconhecesse Jesus como o Cristo. Por isso é que seus pais responderam: Ele tem idade, perguntai-lho. Tornaram a chamar o homem que fora cego, dizendo-lhe: Dá glória a Deus! Nós sabemos que este homem é pecador. Disse-lhes ele: Se esse homem é pecador, não o sei... Sei apenas isto: sendo eu antes cego, agora vejo. Perguntaram-lhe ainda uma vez: Que foi que ele te fez? Como te abriu os olhos? Respondeu-lhes: Eu já vo-lo disse e não me destes ouvidos. Por que quereis tornar a ouvir? Quereis vós, porventura, tornar-vos também seus discípulos?... Então eles o cobriram de injúrias e lhe disseram: Tu que és discípulo dele! Nós somos discípulos de Moisés. Sabemos que Deus falou a Moisés, mas deste não sabemos de onde ele é. Respondeu aquele homem: O que é de admirar em tudo isso é que não saibais de onde ele é, e entretanto ele me abriu os olhos. Sabemos, porém, que Deus não ouve a pecadores, mas atende a quem lhe presta culto e faz a sua vontade. Jamais se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se esse homem não fosse de Deus, não poderia fazer nada. Responderam-lhe eles: Tu nasceste todo em pecado e nos ensinas?... E expulsaram-no. Jesus soube que o tinham expulsado e, havendo-o encontrado, perguntou-lhe: Crês no Filho do Homem? Respondeu ele: Quem é ele, Senhor, para que eu creia nele? Disse-lhe Jesus: Tu o vês, é o mesmo que fala contigo! Creio, Senhor, disse ele. E, prostrando-se, o adorou.

Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

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